ublicado em 03/06/2011 às 18h44:
Argentina investiga desvio de verbas
na Fundação Mães da Praça de Maio
Ex-presidente da Fundação, Sergio Schoklender, é investigado por lavagem de dinheiro
Investigações causaram polêmica na Argentina; A Fundação é uma das organizações mais respeitadas no país
A Justiça argentina abriu uma investigação para apurar o possível desvio de verbas do governo destinadas à Fundação Mães da Praça de Maio, entidade de direitos humanos criada nos anos 1970 pelas mães de desaparecidos durante a ditadura no país (1976-1983) que queriam localizar seus filhos.
A investigação será sobre o ex-representante da Fundação, Sergio Schoklender, acusado de mau uso de dinheiro público e lavagem de dinheiro ao lidar com recursos que seriam usados para a construção de casas populares em um projeto da entidade.
Os jornais La Nación e Clarín informaram na quinta-feira (2) que o ex-representante seria, segundo o Diário Oficial, dono da construtora contratada para a construção das casas.
As reportagens indicam que ele recebia, por meio da empresa, o dinheiro que era enviado pelo governo à Fundação e que leva uma vida de luxo, com iate e aviões particulares.
Schoklender, que junto com o irmão Pablo teria deixado a entidade antes das denúncias, disse a jornais e TVs argentinos que nada fez de errado.
Kirchner
A Fundação passou a contar com recursos públicos no governo do ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007), continuando a receber as verbas na atual gestão, da viúva de Néstor, Cristina Kirchner. Os dois presidentes estabeleceram os direitos humanos uma de suas principais bandeiras.As deputadas Elsa Quiroz (federal) e Maricel Etchecoin (provincial) receberam as primeiras denúncias contra Schoklender em maio do ano passado.
As parlamentares disseram à BBC Brasil que entregaram às autoridades ainda em 2010 as denúncias, mas só agora foi aberta a investigação. Elas afirmam que “somente a Justiça poderá explicar” o que ocorreu. Segundo Elsa, as denúncias são dirigidas apenas a Schoklender, e não à Fundação.
- Nós não recebemos denúncia contra as Mães, mas contra ele [Schoklender], que comprou duas propriedades sem justificar de onde tirou o dinheiro e sem concluir os pagamentos.
Elsa e Maricel dizem ainda que o representante da Fundação teria cometido outras irregularidades e que “estranharam” que a investigação tivesse ficado parada durante mais de um ano.
- Nossa desconfiança não é em relação às Mães, mas em relação ao governo que não fiscalizou o dinheiro que liberou e que, pelo jeito, pode ter sido desviado.
Polêmica
O ministro do Interior, Florêncio Randazzo, disse que a Justiça deve investigar “até as últimas conseqüências” se o ex-representante “enganou” as Mães da Praça de Maio.- A atitude dele não pode gerar dúvidas sobre uma entidade inquestionável, que é a das Mães.
A presidente da entidade, Hebe de Bonafini, participou na quinta-feira da tradicional caminhada do grupo na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, a Casa Rosada.
Segundo Hebe, “há muito sangue derramado para se perder tempo com bobagens”, o que a imprensa local interpretou como uma referência ao caso.
Procuradas pela BBC Brasil, as Mães disseram que não comentariam o assunto.
O caso gera polêmica na Argentina. O deputado provincial Fernando “Chino” Navarro disse ao jornal Tiempo Argentino que “existe uma campanha dos meios de comunicação contra a entidade e contra Hebe”.Por sua vez, os irmãos Schoklender também são lembrados por terem sido condenados pelo assassinato de seus pais, em 1981, pelo que ambos já cumpriram pena. Sergio se negou a comentar o caso para a imprensa.
- Sobre isso, já respondi na Justiça e não falo mais.
Nos últimos anos, ele apareceu publicamente ao lado de Bonafini, que perdeu dois filhos na ditadura, em diferentes ocasiões. Não foi divulgado o total de recursos do governo repassados à entidade.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.Fonte R7.COM
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