Prisão do diretor do FMI causa intenso debate político na França

segunda-feira, 16 de maio de 2011

publicado em 15/05/2011 às 15h49:

Prisão do diretor do FMI causa
intenso debate político na França

Dominique Strauss-Kahn é cotado para enfrentar a disputa presidencial contra Sarkozy
Do R7, com agências internacionais
Jo Yong-Hak/23.10.2010/AFPJo Yong-Hak/23.10.2010/AFP
Strauss-Kahn já tinha se envolvido em outro escândalo. Em 2008, foi acusado de abuso de poder no FMI

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A prisão e indiciamento por crimes sexuais do diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, desperta neste domingo (15) um intenso debate político na França sobre os efeitos do incidente para as próximas eleições presidenciais e para a imagem do país. Detido neste sábado (14) em Nova York e acusado na Justiça americana de tentativa de estupro, ato sexual criminoso e retenção ilegal, o economista era considerado o principal nome do PS (Partido Socialista) francês para as eleições presidenciais de 2012.
Uma pesquisa publicada nesta manhã pelo jornal Le Parisien, realizada nos últimos dias 13 e 14, lhe concedia 41% das intenções de voto dos socialistas nas primárias do partido, contra 25% de François Hollande, 16% de Martine Aubry e 7% de Ségolène Royal.
Outra pesquisa de opinião, esta publicada pelo Le Journal du Dimanche, indica que, se o primeiro turno das eleições presidenciais fosse realizado neste domingo, Strauss-Kahn receberia 26% dos votos, à frente da ultradireitista Marine Le Pen e do presidente Nicolas Sarkozy.
A fama de mulherengo de Strauss-Kahn, casado pela terceira vez após dois divórcios, não é novidade em círculos políticos e jornalísticos franceses. Mas a esposa de Strauss-Kahn, Anne Sinclair, disse não ter "nenhuma dúvida de que sua inocência será provada".
O porta-voz do governo, François Baroin, indicou à emissora France 2 que o Executivo francês "respeita dois princípios simples: o devido processo legal sob a autoridade da Justiça americana, segundo as modalidades do direito americano, e o do respeito à presunção de inocência".
Por outro lado, não houve declarações do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que em 2007 apoiou a candidatura de Strauss-Kahn à frente do FMI. DSK, como é conhecido na França, tinha até o dia 28 de junho para declarar publicamente suas aspirações políticas, mas, perante a cautela de alguns políticos, não faltaram reações contrárias à candidatura do réu. Muitos opinam que os fatos deste fim de semana "lhe desacreditam definitivamente" como candidato à mais alta função do Estado. Foi essa a reação da presidente da legenda de extrema FN (Frente Nacional), Marine Le Pen.
- Por toda Paris, circulam há meses boatos sobre as relações ligeiramente patológicas que Strauss-Kahn parece ter com as mulheres. Não posso dizer que a notícia tenha me surpreendido. Era um segredo que alguns qualificam de impulso, outros de fragilidade, e eu de patologia.
Já no PS, a candidata às primárias Ségolène Royal pediu o respeito à presunção de inocência e que ninguém julgue ainda "um homem que não teve a ocasião de se defender".
Os comentários foram chegando em cadeia ao longo da manhã e questionaram não só o impacto que a prisão pode ter para a corrida política às eleições presidenciais, mas também sobre a imagem internacional da França. Bernard Debré, deputado do partido governista UMP (União por um Movimento Popular), diz sentir-se envergonhado com este assunto, que, "em opinião pessoal", representa "uma humilhação terrível para o país".
A tempestade política afeta três frentes: o FMI, embora a instituição tenha afirmado neste domingo que se mantém "plenamente operacional"; o Partido Socialista; e a imagem da França. Em sua “opinião pessoal”, o deputado da UMP Lionnel Luca considerou o incidente "muito humilhante para nosso país", para quem "real ou falso", este caso "sobretudo desacredita à França em nível internacional". Entre seus defensores, há quem acredite que Strauss-Kahn "com toda certeza, foi alvo de uma armadilha". É o caso da presidente do Partido Democrata-Cristão, Christine Boutin. - Essa armadilha pode ter muitas origens. Pode vir do FMI, da direita francesa, da esquerda. Mas brincar com a imagem da França dessa maneira não é aceitável.
Não é a primeira vez nas últimas semanas que a figura de DSK é assunto de debate na imprensa nacional. Uma foto divulgada no final de abril em que ele aparece entrando em um Porsche (pertencente a um colaborador) acompanhado de sua esposa despertou críticas sobre seu estilo de vida e a mensagem confusa que esse luxo transmitia ao eleitorado.
Mais polêmica veio quando a rede France Soir divulgou que o diretor-gerente do FMI usaria roupas de até R$ 57 mil (US$ 35 mil). Diante dessa notícia, Strauss-Kahn pediu a seus advogados na última sexta-feira que processassem a emissora por difamação.
Na França, Strauss-Kahn ainda é lembrado por uma investigação interna do FMI feita em 2008 para determinar se o diretor-gerente teria cometido abuso de poder na chefia do organismo por um romance que teve com uma ex-subordinada. Dessa vez, no entanto, as aspirações políticas de DSK se viram gravemente afetadas, apesar de até partidos politicamente rivais terem pedido prudência para não se tirar conclusões precipitadas. O secretário-geral do Partido Radical, Laurent Hénart, repercutiu o fato.
- Até que não se confirme, o dano causado à pessoa e a seus familiares por comentar isso é imenso. É preciso respeitar a presunção de inocência e deixar que as coisas se esclareçam por si próprias. Quanto mais adversário se é, mais respeitoso se deve ser.
FMI
A direção do FMI se reunirá neste domingo para debater a questão da prisão de seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn, disse o porta-voz da instituição.
- A direção do FMI terá uma reunião informal hoje [domingo] para ser informada sobre os fatos relacionados ao diretor-gerente. De acordo com os procedimentos do FMI, John Lipsky, primeiro subdiretor, está atuando como diretor-gerente. Lipsky presidirá a reunião.Fonte R7

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